Pressionados por dívidas, os hospitais privados sem fins lucrativos do Estado pressionam o Piratini por socorro. Responsáveis por cerca de 70% dos atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as instituições pedem, ainda em 2011, um aporte de R$ 100 milhões. Do contrário, anunciam a possibilidade de fechamentos e reduções de serviços a partir de setembro.
É aguardada a presença de líderes do governo do Estado em uma audiência pública marcada para 9 de agosto, na sede estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), engajada na força-tarefa, que conta com entidades da saúde e a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).
O encontro vai discutir soluções para o déficit de 239 unidades hospitalares gaúchas, que englobam santas casas, instituições beneficentes, religiosas e filantrópicas. Segundo as entidades, o rombo chega a R$ 1,057 bilhão, impulsionado pela defasagem na tabela do SUS, paga pela União, em atendimentos de média e baixa complexidade.
Segundo levantamento feito nos hospitais, em 519 mil internações realizadas no ano passado, o SUS repassou R$ 565 milhões, sendo que o custo ficou em R$ 875 milhões, uma diferença R$ 310 milhões.
– Os hospitais, presentes em 220 cidades gaúchas, estão exauridos – alerta Julio Dornelles de Matos, presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado.
Para cobrir a diferença nas receitas, os hospitais buscam valores nos contratos com convênios, recorrem às prefeituras, a empréstimos no sistema financeiro, postergam pagamentos a fornecedores e apropriam-se de contribuições sociais.
O pedido de socorro ao Piratini tenta equilibrar as contas. Os hospitais ainda esperam encontrar medidas a médio e a longo prazos para viabilizar os serviços deficitários. Diretor do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Marcos Antônio de Oliveira Lobato garante a negociação e considera ser possível oferecer ao menos parte dos recursos.
–Não sei se teremos os R$ 100 milhões, mas é possível chegar próximo. Os hospitais sem fins lucrativos recebem verbas federais, estaduais e municipais. Existe defasagem na tabela do SUS, mas também há problemas de gestão – aponta.
Além dos R$ 81 milhões previstos no orçamento de 2011, a SES estima que terá pelo menos mais R$ 50 milhões para disponibilizar, rateados entre mais de 280 hospitais.
A rede
- 239 unidades hospitalares
- 18 mil leitos do SUS
- Mais de 70% da capacidade assistencial do SUS no Estado
- 66,6% dos leitos gaúchos
- 519 mil internações ano
- 55 mil trabalhadores
- R$ 1,057 bilhão de dívidas
Fonte: Fontes: Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado e Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado
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